terça-feira, 23 de novembro de 2010

Paul McCartney live @ SP


Aos nostálgicos que foram, aos que não foram e aos eternos amantes de Beatles, divido a seguir a experiência do 2º show do Paul McCartney na minha vida (e no meu ano).

Troco a experiência rica, única e solitária do show do Paul em Dublin de 5 meses atrás por uma experiência no melhor estilo “Happiness is only real only shared” na companhia perfeita de 4 grandes amigas, cada uma de um canto da minha vida, mas nessa noite conectadas pela paixão Beatles. No lugar dos 38 mil irlandeses educados que dividiram comigo o show de alguns meses atrás, um platéia vibrante de 64 mil brasileiros lotou o estádio do Morumbi. Havia uma comoção geral, a mensagem de amor, luta e paz mundial conectou uma legião de fãs das mais diversas gerações naquele estádio lotado: a pista tinha ares de festival de música numa mistura perfeita de tribos; um menino de 8 anos cantando as canções de algumas décadas atrás; uma senhora cega enlouquecida ao som de Ob-la-di, ob-la-da; casais apaixonados; pais, filhos e netos. Todos distintos no tempo e conectados pela música.
Impossível evitar a sensação de déjà vu do show em terras gringas. O efeito surpresa estava descartado: eu conhecia o setlist da turnê e a sensação que cada música me causava, tive tempo de explorar mais os passos Paul pós Beatles (Fã do John, o show de Dublin me despertou interesse pelo brilhantismo musical do Paul na fase The Wings), conhecia os efeitos especiais e piadinhas que vinham pela frente. Ainda assim, a cada música senti a adrenalina de alguns meses atrás, agora com novas emoções e novos sentimentos. E a emoção de ouvir uma entidade beatle no palco é o tipo de experiência que nos deixa em êxtase, nos toca, nos marca 1, 2, 3 vezes ...

O show
O processo show no Brasil dá preguiça, fato. Estacionamento a 150 reais, trânsito, calor, filas e fura-filas, cambistas, aquele caos brasileiro q a gente conhece e participa. Mas quem lembra desse stress sentado no tablado da pista, tomando uma cerveja, ao som de primeira do DJ Mauricio Valladares com um setlist pré-show perfeito enquanto aguardávamos um Sir Beatle?

Ao primeiro acorde com pontualidade britânica, Paul abre o show com “Sitting in the stand of the sports arena, waiting for the show to begin. Red lights, green lights, strawberry wine, a good friend of mine follows the stars, Venus and Mars are alright tonight”. Venus and Mars are alright tonight: Nada traduzia melhor aquele céu lindo, iluminado por uma lua cheia e por flashes de luz, celulares e câmeras num estádio lotado com 64 mil pessoas aos gritos, lágrimas e coro de pura emoção com a entrada do Paul no palco.

Impossível não se emocionar mais uma vez ao ouvir as homenagens de Paul a seus parceiros de banda e amores de uma vida: a performance tocante de Here Today gravada para John Lennon após sua morte, Something aos acordes de um bandolim homenageia George Harrison pela sua belíssima composição de uma das minhas canções prediletas, e My Love como declaração de amor eterno à sua “gatinha Linda”(McCartney).

Os mega hits de 40 anos atrás dos Beatles são cantados em coro por uma platéia eufórica e acelerada: All my loving, Ob-la-di, ob-la-da e Eleanor Rigby  são alguns dos vários clássicos. E pros que ousam falar que Beatles e Paul não têm nada de rock n’ roll, a intensidade de Helter Skelter e os clássicos Jet, Band on the Run e Let me roll it da fase The Wings, vêm pra provar o contrário (quem explica a guitarra solo de arrepiar do Let me roll it antes de começar a cantar “You gave me something I understand, you gave me loving in the palm of my hands”?).

Mas nada se compara à sequência que se inicia com a brilhante A Day in the Life, no melhor estilo musical de Paul, com a junção perfeita de músicas inacabadas (nesse caso, a parte lenta é de autoria Lennon e a parte acelerada "Woke up, felt out of bed...” foi composta por Paul)

 Em seguida, a platéia é coberta por bexigas brancas num movimento de paz ao som em coro de “All we are saying is give peace a chance”. E fui de novo tomada pelo exato mesmo sentimento que tive em Dublin: Naquele momento, toda a platéia emocionada acreditava e clamava pela paz mundial. Eu observava aquela multidão de gente e não acreditava. Acho que nem o Paul acreditava. O momento foi mágico, espiritual, transcendental no melhor estilo John Lennon. 
Em seguida, sem nenhuma brecha pra platéia recuperar o fôlego antes de novas emoções, Paul dedilha a belíssima canção e toca os corações com words of whisdom de Let it be.
As lágrimas cessam, mas a explosão de adrenalina tem seu ponto alto com o show de fogos ao som de Live and let die, enquanto a troca de imagens psicodélicas no telão alternam momentos rápidos e lentos, na exata troca de ritmo da música. 
E pra fechar a primeira parte do show, Hey Jude. Dispensa comentários. Se até essa hora tinha me contido a algumas lágrimas discretas, nessa hora chorei. 

Absolutamente imersa nas minhas emoções no show de Dublin, não tinha percebido a intensidade dessa sequência. Dessa vez entendi o efeito dessas 5 canções belíssimas e da potência musical e poética que elas ganham combinadas. Em mim e num público de 64 mil pessoas.

Após 2 sequências de bis com clássicos de qualidade da era Beatles, Paul encerra o show no melhor estilo de despedida com Sgt. Pepper's lonely hearts club band e com a mesma mensagem de amor universal que fechou minha experiencia em Dublin: “and in the end… the love you take, is equal to the love you make”.

And in the end, o Paul caiu no palco. E 64 mil brasileiros saíram do estádio do Morumbi felizes, emocionados e certos de que presenciaram um dos mais belos shows de suas vidas.

2 comentários:

  1. Realmente esta sequência de músicas deu uma sequência de feelings tão especial quanto merecia. Acho que foi um show de sensações.. amor (something), compaixão (give peace a chance), rock n'roll (helter skelter).. até que na "live and let die" meu coração explodiu junto com os fogos..!!
    Lili, ainda bem que vc vivenciou este show no Brasil com as suas perceiras, pq a sua presença lá foi fundamental para todas essas sensações amiga!!!!
    bjs - live and let live

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  2. Alegria pura dividir esse momento com vcs. Sem palavras. Passaram semanaa e ainda me arrepio de lembrar de alguns momentos do show. E com vcs.

    De revival e Beatles feelings, especial John Lennon na GNT essa semana. =)

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