domingo, 30 de janeiro de 2011

Pelas estradas de Provence, parte 1

Provence: Bienvenue aos encantos bucólicos da zona rural mais trés chic, trés simple do mundo. Conheçam as paisagens, aromas e paladares que inspiraram as obras renascentistas de Cézanne, seduziram o autor inglês Peter Mayle a morar e relatar seus dias provençais em forma de livros (dentre eles, a belíssima obra "Um Bom Ano" que, não por acaso, deu origem ao filme sob o mesmo título com Russell Crowe). E bem... como simples mortal, também me rendi ao charme provençal.
Descobri, assim, meu novo paraíso: em ritmo slow, de carro alugado, mapas na mão e companhia de uma amiga suíça (Lado francês da Suíça, vale mencionar... Só mais tarde entendi o valor de uma french-speaker quando se está no meio do nada em busca de um campo de lavanda...).
Sem pressa, explorei e experimentei os vilarejos, ruelas escondidas, arquitetura em tom de ocre, estradas rurais, campos de lavanda, marchés, boulangeries, fromageries, patisseries, vinículas, vinho rosé de St. Tropez, aroma das trufas negras e melões de Cavaillon, orgias gastronômicas, conversas com locais... O tempo não passa e ainda assim me faltou tempo.
Provence é desses lugares que elevam a alma e nos resgatam o prazer através do simples, do primário, do natural. Não por acaso, rondou meu sonhos recentes de ano sabático. A idéia de meses estudando francês, culinária local ou a arte das lavandas enquanto brinco de provence lifestyle me seduziu até o último instante. Mas deixo Provence guardado, por ora. Deixo Provence para outra época da vida: mais tranquila, em boa companhia, sem pressa.
E pressa pra que mesmo? Quebrem os relógios e aproveitem os próximos posts no melhor do ritmo provençal.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De trem pela França: Paris, Dijon e Montpellier em 1 dia

Antes do ritmo vagaroso de Provence, uma dia acelerado e intenso de trem por 3 estados da França. A rapidez e praticidade ao se utilizar a excelente malha ferroviária francesa justifica o custo mais alto, se comparado às passagens aéreas de companhias low cost: sem atrasos, sem deslocamento aos aeroportos fora da cidade, sem 1 hora de antecedência para o vôo, sem limite de bagagem e de bônus uma paisagem deliciosamente francesa. Veja a seguir.

8h30, Estação Gare de Lyon, Paris, Ile-de-France
De fácil acesso, levei nada mais que 15 minutos da porta do hostel à estação central de metrô e trem Gare de Lyon. Ainda assim: minha falta de pontualidade me levou a perder o  trem por 5 minutos de atraso. Passagem remarcada pra dali a 1 hora, sem custo adicional.  


8h30 - 9h30: e pra passar a hora enquanto o próximo trem não sai...
... uma princesa em miniatura tagarelando em francês. Não é a coisa mais fofa? Parece a Boo do Monstros S.A.

9h30 - 11h: trem Paris - Dijon, Bourgoigne (20 EUR, 2a classe) 










11h - 16h: Dijon
Capital da Borgonha e da mostarda Dijon, pólo econômico e cultural (maior centro cultural depois de Paris), na rota gastronômica e do vinho, estrategicamente localizada no centro da França há menos de 2 horas de Paris de trem, a cidade me parecia a combinação perfeita do charme interiorano com a cultura e economia de uma capital. E meus objetivos ali, de fato, extrapolavam o turismo local: avaliei a cidade para estudar, trabalhar, me instalar e, de quebra, desfrutar de toda a cultura e gastronomia que a cidade oferece.  Bem... Não gostei, não deu química, achei a cidade pacata e insossa. Lhe falta o charme provençal e o ritmo parisiense. Riscada da listinha de cidades a se morar uma vez na vida. Comprei minhas mostardas e parti. Sem planos de volta.

16h15 - 20h: trem Dijon - Lyon - Montpellier, Languedoc Roussillon (74 EUR, 1a classe) *por 10 EUR a mais adquiri 1a classe










20h até o dia seguinte: Montpellier
Essa, sim, uma agradável surpresa! Há aproximadamente 3 horas de Barcelona e há 11Km do Mediterrâneo, Montpellier tem o melhor dos mundos - digo países: o charme francês, com o clima espanhol. A cidade é vibrante, jovem, multi-cultural. A noite não pára cedo, a culinária é de primeira e as luzes (da noite e do dia) são de dirar o fôlego.
Dia seguinte, fomos acordadas com um delicioso café da manhã francês feito em casa, com croissant e ovo poché. Montpellier era ser uma parada rápida com simples objetivo de encontrar minha amiga suíça, na casa de seu (agora, meu) amigo francês, Guillaume, e de lá alugar um carro rumo à Provence. Mas a cidade - e o anfitrião! - eram tão encantadores que só conseguimos deixar a cidade ao anoitecer.
Faltou conhecer a Pont de Gard a caminho de Provence. Para isso vou precisar voltar. E hei de voltar! 

Próxima parada, Provence. 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Paris d'amour

Meus dias parisienses seguiram em ritmo vagaroso, na melhor cidade do mundo pra se praticar slow travel. Não cedi à tentação de filas, não subi na torre, não entrei no Louvre, não entrei em uma igreja sequer. Aos invés disso, me perdi nos encantos das ruas parisienses. Tamanha calma partiu da certeza de que voltaria ali 1, 2, 3, 10 vezes ao longo da vida. Pressa pra que?

Paris, je t'aime moi non plus! ... 

Pelas horas sem pressa nos cafés do Marais ...

... pelo colorido elegante das ruas parisienses ...


... pelo charme discreto dos brechós ... 

... pelas várias faces de uma Paris d'amour ... 
 

... pelo amor em forma de fotografias ...

... pela arte em forma de cinema no Quartier Latin ...

... pelos segredos escondidos na boêmia Montmatre...
 

... pelas tardes observando a Torre, os turistas, os franceses, regadas a vinho, música, cochilo ....

... pelo cair da tarde de tirar o fôlego no Arc de Triomphe.

Os encantos simétricos do jardin du Chateau de Versailles ...

... na companhia perfeita ...

... a feliz escolha de um piquinique no jardim ao invés de um castelo cheio de ouro ...

...e o luxo fica por conta do macarrons Ladurée, um colírio aos olhos mais do que um desbunde de sabores.

E para uma última noite inesquecível, um passeio de bicicleta pela madrugada parisiense ...

 ... parada estratégica para um último champagne ...

... e no breu da noite, a Cidade Luz se faz presente ...

... bela, majestosa, imponente ...

... Et c'est fini, Paris!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Antes de Paris, emoções parisienses...

Alguns fatos antes de descrever meus dias parisienses:

Fato 1: Tive meus dias de infância na Europa regados a Van Gogh e Monet, visitas extensas a museus, galerias e sebos (ter um pai acadêmico tem lá seus poréns...). Parece poético, mas acreditem, naquela época aquilo era muito chato! Imagino que após alguns episódios da minha irmã caçula sendo carregada de cavalinho ou empurrada numa cadeira de rodas  aos prantos por não aguentar mais aqueles corredores recheados de cultura e conhecimento, meus pais entenderam que eu e meus 2 irmãos pequenos merecíamos férias de criança. E partimos para o fantástico mundo Disneyland nos arredores de Paris. Ledo engano... minha paixão por Paris falou mais alto do que os encantos pelo castelo da Bela Adormecida. E diz a lenda que passei meus dias de Disney levemente mal humorada por ter pisado em Paris e não ter conhecido a torre Eiffel.

Fato 2: Sou dessas pessoas que não têm a menor dificuldade de ir e vir sozinha. Moro sozinha. Adoro dirigir sozinha. Vira e mexe páro num café sozinha. Se precisar, vou ao cinema e almoço sozinha. Tenho uma vida repleta de um milhão de amigos que me impedem de fazer tudo isso sozinha, mas não tenho problema em momentos deliciosos de solidão.

Isso posto... Gente, como ninguém me avisou que, por mais independente que você seja, um sonho que você carrega desde a infância não pode absolutamente ser vivido sozinha?! 

Numa tentativa em expressar a intensidade de emoções que senti em terra parisiense, resgatei um email descrevendo meu primeiro dia em Paris. Divido com vocês um relato íntimo, emocionado, entregue. Isso é adrenalina viagem, meus queridos... Bienvenue à Paris! 

(PS: Licença para algumas correções ortográficas às quais não me atentei no calor da emoção do email original).
Achei. Achei minha cidade: Parriiiiiiii!

Acabei de chegar do dia mais feliz da minha viagem so far: Andei sozinha das 5 pm a 1 am esquema no plans, non stop na cidade mais encantadora. Vi um pôr no sol no Arco do Triunfo de tirar o fôlego. Fui e voltei na Torre Eiffel 2x e meus olhos enchem de lágrimas toda vez (e quero voltar todo dia e toda noite de novo enquanto estiver em Paris). Passei por alguns sightseeings
sem querer, adorei as floriculturas, não achei nenhuma padaria pra comprar um bom queijo e uma baguette. Descobri um restaurante com a melhor vista da Torre, tomei champagne e comi um peixe com cogumelo. E comi crepe de chocolate no gramadinho em frente à Torre hoje a tarde.

Adorei os franceses, acho que eles gostaram de mim... Estão me tratando super bem, até ganhei uma taça extra de champagne hoje no bar. Conheci uma francesa de Nice no metrô que me fez jurar que vou provar um tal de Moca/moka da terra dela (entendi q eh uma receita tipo um mousse de grao de bico... preciso dar um google), um casal do Texas e é a 1a vez que o senhor sai do US (eles deixaram o cartão pessoal deles caso eu me sinta sozinha...).
As pessoas estão tão assustadas quanto eu com a idéia de estar sozinha em Paris... E...POR QUE NINGUEM ME AVISOU QUE ESSA EMOÇAO PARISIENSE EH FORTE DEMAIS PRA SER VIVIDA SOZINHA?  Não digo só de romance... (ok, essa cidade é bemmmm romântica!)... Poderia ser minha irmã, meus pais, uma amiga querida. Estou escrevendo esse email pra absorver tudo que foi meu dia e livrar esse apertinho de pensar q vivi tudo isso sozinha (to chorando de pensar nisso.... to num estado pós euforia.... rs).

Acabei de conhecer uma australiana querida bem meu esquema e vamos ao Museu D'orsay amanhã cedo. E estou pensando em fazer um walking tour amanhã a tarde pra ouvir um pouco de História da França. A arquitetura e cenário são lindos, majestosos e por si já me encantam. Mas quero saber (relembrar) um pouco da História de cada lugar.
ABSOLUTELY HAPPY!!!!!!! 


Voilá! C'est fini, Paris!


PS: Prometo um relato menos emoção e mais informativo no próximo post, deal?