quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Barra Grande: mais do que mil palavras

Um pôr do sol de tirar o fôlego ...
... um cenário perfeito ... 
... uma energia que não se explica ... 
 ... emoções que tocam fundo na alma.
A melhor cerveja de 2010 ... 
... tardes vagarosas da vida ...
... e o entardecer ... 
... e o anoitecer.
A caminho da virada ...  
... a virada ...
 ... e 2010 nasce feliz ...

 ... e segue feliz dia adentro ... 
 ... até que vem a chuva ...
 ... e os efeitos deliciosos e destruidores da chuva ... 
  ... pro dia renascer feliz. 
 Surge um tal de dia 2...
... e "are we human?" ... 
 ... e "somewhere under two rainbows" fomos felizes. Completamente felizes.
E partiu Barra Grande 2010/2011!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Volta ao mundo e a decisão de partir

A decisão da viagem volta ao mundo não soou estranha aos ouvidos dos meus pares. Não é novidade meu desejo de viajar, minha pressa em conhecer o mundo ou minha coragem e entrega quando o assunto é viagem. Ainda assim. Não acordei da noite pro dia com coragem, dinheiro e decisão pronta para interromper uma carreira, deixar relacionamentos pra trás, abandonar bens materiais e partir pra uma viagem pelo simples prazer de viajar. Foi um processo. Processo, esse, que durou 1 ano e meio, envolveu 2 viagens internacionais  e a vida que se passou aqui no Brasil (e passou feliz) durante essas duas viagens.

Divido, a seguir, esse exercício de “should I stay or should I go”, cuja a resposta vocês já conhecem: GO!!!

Australia, julho de 2009. Minha viagem volta ao mundo começa aqui. Não sei se foi o clima, a beleza natural, os viajantes que encontrei no caminho, as paixões que acumulei. Mas Australia me resgatou um desejo de explorar o mundo, até então guardado, e a partir daí vivi o período mais vivo, intenso, completo da minha vida. Tornei-me mais interessada, mais interessante, mais intensa, mais ousada, mais feliz. E face a tamanho poder e desapego, meus pilares de construção de vida, carreira, amor deixaram de fazer sentido e fui tomada por uma sequência de palpitações, novos desejos e dúvidas... quantas dúvidas! Ora queria sair do País para estudar, ora para trabalhar, ora para atuar numa ONG, ora não tinha mais forças e queria simplesmente ir.

Frente a tantas dúvidas, vem Europa e tudo que ela trouxe consigo e me deu de volta a calma: voltei de lá jurando de pé junto que qualquer projeto no exterior fora deixado de lado nesse momento em detrimento de uma vida completa no Brasil. Revisitei minha escolha de 8 anos atrás por São Paulo como cidade pra estudar, trabalhar e construir uma vida, um apartamento, um ciclo de amizade dignos de chamar São Paulo de lar. E por meses me apeguei a essa sensação deliciosa de estar onde queria estar, organizando o que estava fora do lugar. E organizei a vida: Questionei minha carreira, considerei mudar de área, retomei a motivação. Investi no meu apartamento, cobri as paredes de fotos, as estantes de livros, guias, mapas e lembranças acumuladas ao longo das viagens. Procurei mais simplicidade e menos ostentação no meu estilo de vida e São Paulo me surpreendeu com cinemas de bairro, botecos escondidos, pessoas evoluídas. Fui mais à praia nos fins de semana pra resgatar minha energia e apesar das poucas idas ao interior, estive mais próxima da minha família do que nunca. Procurei auto-conhecimento e evolução espiritual através de terapia, meditação e respiração (Em tempo: não, não virei neo-zen. As palpitações continuam, continuo freqüentadora assídua de botecos e festas que acabam às 11 da manhã, continuo administrando minhas ressacas com Coca-cola normal (!) e banho gelado e o prazer pela carne – em todos sentidos – permanece voraz).

Quando parecia que eu finalmente tinha retomado a construção de uma vida aqui.... O travel bug volta a me afligir. E daí caiu minha ficha: Não importa o quão completa eu seja no amor, na carreira, na família, no meu estilo de vida... Eu sempre vou olhar pra trás ou pra frente procurando essa viagem. Hoje escolho uma viagem completa por  uma vida de volta ao Brasil completa. E nesse eterno paradoxo, precisei querer ficar pra conseguir partir.

Hoje enxergo a riqueza desse processo na minha decisão e o poder do tempo na maturidade da minha face viajante. Precisei desse tempo para me munir de cultura e conhecimento. Para alimentar minha paixão por viagens. Para experimentar os mais diversos efeitos que uma viagem desperta na alma, corpo, mente e coração. Para conhecer viajantes que me inspiraram. Para desapegar do planejamento e entender a beleza do inesperado. Precisei entender que meu apetite por viagens deriva do movimento. Não quero morar, não quero estudar, não quero trabalhar em nenhum desses lugares que me encantam mundo afora (Por  isso uma volta ao mundo e não uma pós, uma oportunidade profissional, meses estudando um nova língua ou a culinária local). Precisei, ainda, entender e viver o desapego e o apego. Precisei do desapego que Australia me causou, e da retomada ao apego que Europa me despertou. Australia me puxou pro mundo, Europa me trouxe de volta para casa. Precisei dos meus amores no meio do caminho. Precisei das paixões arrebatadoras da Australia. Precisei viver um relacionamento no Brasil semanas antes de partir para a Europa para entender que o apego ainda me cai bem (e me faz bem). E precisei perceber que o amor às vezes cessa. E que só livre de afetações amorosas eu posso entender minhas mais puras vontades, necessidades e anseios.

Continuo cheia de palpitações e questionamentos. E ainda bem! Não é a minha vida perfeita e equilibrada que me joga no mundo. É minha vida caótica, cheia de pressa, cheia de sede, completamente impulsiva que me leva a tomar uma decisão dessa. Mas essa decisão não foi impulsiva. Foi ensaiada "n" vezes ao longo desse processo. Mas só agora tenho a clareza para essa decisão e a maturidade para essa viagem. 
Parto com pressa do novo, do desconhecido, do inexplicável. E daqui há 1 ano volto para o conforto da minha vida no Brasil. Pelo menos, that’s the plan. Se é que possível ter planos sobre uma viagem desse teor, que toca, muda, transforma. E que venha a partida, a volta e o inesperado. Partiu! =)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Volta ao mundo em 203 dias, partiu!

Divido com vocês meu mais profundo sonho de vida e que há algumas semanas vem ganhando status de projeto. Licença para chamá-lo de volta ao mundo. Pois bem... Largo meu emprego, alugo meu apartamento, deixo meu carro na garagem e... passagem volta ao mundo comprada! 

203 dias a contar de 12 de abril de 2011, 90 horas de vôos, 9 países, 5 continentes, alguns zeros a menos na conta bancária são alguns números desse projeto de valor sentimental inestimável.

Volto aos encantos da Oceania, meu canto predileto do mundo, exploro o Sudeste Asiático na companhia de 3 amigas parceiras de outras viagens, parto sozinha para os mistérios de China e Índia (frio na barriga...), encontro familiares e amigos de outras épocas na beleza exótica da África e pra fechar uma viagem de volta ao mundo, nada como a cidade mais cosmopolita de todas, “the world in one city”: Londres.

Mais sobre a passagem:  
Todo meu roteiro foi emitido em um único bilhete, com vôos operados pelas mais diversas empresas aéreas mundo afora. Explico: 3 grandes alianças de empresas aéreas se organizaram e criaram a modalidade passagem volta ao mundo (Sim! Existe uma passagem volta ao mundo!). São elas Star Alliance (a mais famosa, TAM faz parte da aliança), Oneworld (forte em Sudeste Pacífico e Ásia) e Skyteam (forte em Américas e Europa). Escolhi a Oneworld pra atender meu roteiro focado em Oceania, Ásia e África.  

Via de regra, paga-se um valor fixo que dá direito a 4/5/6 continentes (incluindo o continente de partida) e um número limite de paradas. Preço e quantidade de paradas variam conforme a categoria escolhida. No meu caso,  5 continentes e 16 paradas pela bagatela de 4 mil dólares (Para terem idéia, paguei 2 mil dólares por uma ida e volta Australia). 

Algumas regras para caracterizar uma volta ao mundo: voar na mesma direção (sentido horário ou anti-horário), cruzar os oceanos Atlântico e Pacífico uma única vez, regressar ao continente de onde partiu e concluir o roteiro em até 360 dias.

O ideal é que no momento da emissão da passagem, tenha-se claro o exato roteiro a cumprir (cada remarcação custa USD 125). As datas podem ficar em aberto, mas dada a dificuldade para conseguir datas e assentos livres (só uma parte do vôo é reservado para a categoria volta ao mundo), decidi deixar todos os vôos agendados e qualquer mudança no meio do caminho remarco as datas sem custo adicional (quem sabe decido estender a viagem por até 360 dias? Vai depender da situação financeira, física e emocional no decorrer da viagem).

A viagem volta ao mundo começa no mapa interativo do site da Oneworld, a medida em que se escolhe que países mundo afora você deseja explorar. Sabe brincar de fincar pininho no mapa mundi? Divertido, claro, mas nada simples: levei semanas para organizar um roteiro inteligente e na medida do possível lógico, considerando restrições de rotas, datas e classes de tarifas. 


O maior desafio foi traçar um roteiro que conciliasse minhas paixões por cada um dos países com as rotas operadas pelas empresas aéreas do grupo. Ex: Pra conseguir ir de Bangkok,Tailândia à Bangalore,Índia, vou ter que ir até a China (!) para então voltar à Índia. Mesmo cenário pra África: volto à China (sentido oposto à minha próxima parada) para conseguir um vôo até Johanesburgo, África do Sul. Bali,Indonésia e Maputo,Moçambique ficaram fora do bilhete volta ao mundo por dificuldades logísticas. Mais um porém: a intenção era restringir o roteiro a 4 continentes (América do Sul, Oceania, Ásia e África). E então o agravante: nenhuma das companhias aéreas da Oneworld operam a rota África – América do Sul. Me vi obrigada a incluir Europa (sofro!) e escolhi Londres para explorar a capital com a calma (apesar do rush londrino) que a cidade merece.

O roteiro final ficou assim:  

São Paulo-Auckland,NZ-Sydney,AUS-Cairns,AUS-Sydney,AUS-Bangkok,Tailândia-Bali,Indonesia-Hong Kong,China-Bangalore,Índia-Hong Kong,China-Johanesburgo,África do Sul-Maputo,Moçambique-Cape Town, África do Sul-Londres, UK-São Paulo.

E partiu pro mundo...feliz! =)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ilha mais que bela

Depois de anos de intensivo eventos de aniversário, a idéia era  uma comemoração prévia dos meus 26 anos no melhor estilo "on the road", regado a champagne, na cidade maravilhosa, com amigas tão apaixonadas quanto eu por uma rota de fuga rumo praia.  Sem Rio de Janeiro, sem champagne, sem fim de semana meninas. No lugar, planos de última hora me levaram de Riviera à balsa São Sebastião - Ilhabela às 23h30 do último sábado na companhia perfeita de uma amiga de outras trips da vida (passadas e por vir). Num intensivo estrada ao som da coletânea completa de Chico Buarque, vivemos 18 horas de meu novo paraíso predileto: Ilhabela.

A noite começou no Estaleiro bar. O bar tem estilo, público e música de qualidade como há tempos não encontro no litoral paulista (exclui-se da lista o excelente Blues on the Rocks de Ubatuba, numa versão mais rock do Estaleiro).

E a noite virou dia na Praia da Feiticeira. De uma noite clara, o sol nasceu enquanto alguns dormiam e outros falavam de música, cultura e viagem. E tinha um moço do chapéu. E por que esquecemos o violão no carro mesmo? Que noite feliz e digna de encarar "curvas sinuosas" e uma balsa de dar sono na madrugada litorânea.

Dia seguinte, hora de explorar a vila e tomar um último sorvete. E que vilarejo charmoso. Novo e velho se misturam: de um lado a arquitetura do século 19 e riqueza cultural de um povo bairrista. Do outro, o melhor da vida contemporânea: achados gastronômicos,  forte movimento cultural e um comércio aquecido por lojas, cafés e livrarias. Conversamos com moradores completamente apaixonados pela Ilha: nativos, gringos, paulistanos que trocaram a vida urbana por um lifestyle mais provinciano. Sim, a ilha tem um bairrismo absoluto. Apesar do turismo, há um esforço geral em manter viva  a essência da Ilha. Não mergulhamos, não exploramos a Bonete do lado de lá do mar, não vimos o pôr do sol. E salve a pousada de 80 reais/ casal pra explorarmos a Ilha com a calma que ela merece. 

Encerro com um curta sobre a preservação da essência caiçara na Ilha, produzido pela minha amiga querida e grande responsável por termos colocado os pés ali nesse fim de semana. E salve a Ilha mais que bela!