sábado, 30 de outubro de 2010

Back to Europe. Or back to where you once belonged.

Finalmente, meus queridos. Passados 4 meses desde que voltei da Europa, hora de abrir minha caixa de viagens com evidências européias e encarar tudo que essa viagem deliciosa significou em minha vida.

Florence and the Machine, Paolo Nutini e Beatles de trilha sonora, vinho rosé de Saint Tropez e raminhos secos de lavanda de Provance dão sabor e aroma de fresh memories. Cartões postais, fotos, anotações e  lembranças em forma de miniaturas me resgatam pra um Continente do lado de lá. 

Bem vindos à viagem que me despertou o apego. Sim, o apego: Voltar à minha infância de Cardiff. Ouvir o Paul McCartney "whispering words of wisdom" em forma de voz e acordes em Dublin. Perceber que o dizer "happiness is only fulfilled when shared" nunca fez tanto sentido até o que senti em Paris. Saborear o charme pacato, interiorano, provençal da região das lavandas no Sul da França. Chegar na Espanha com a mesma sensação "feels like home" que senti quando pisei em Madrid aos 10 de idade após 2 anos de País de Gales e com saudades absoluta do calor, gingado e tempero brasileiro.

Não senti, por um segundo, sentimentos de poder, liberdade, independência que me abriram mente e o coração ao desapego de outrora. Ao contrário. Me senti deliciosamente vulnerável, apaixonada, conectada. À minha família, aos meus amigos, ao amor, à minha rotina, à minha casa, às minhas paixões mais brasileiras e caseiras. 

Demorei pra voltar à Europa em forma de memórias e relatos através desse blog por demorar a entender o que a viagem me despertou. E só agora enxerguei tudo isso. Sentada no meu tapete da Bahia, tomando meu vinho de Saint Tropez na taça de cristal da minha avó que paquero na cristaleira desde menina. Olhando meus CDs do Chico e Bossa Nova. Minhas almofadas, caixas e quadrinhos de chita. Meus temperos e utensílios de cozinha que me renderam tantas sessões gourmet deliciosas com casa cheia. Meus livros, mapas, guias, memórias em forma de objeto que trago das minhas viagens e andanças. Cada centímetro desses 30 m2 carregado de memória afetiva torna esse aconchegante apartamento meu lar, meu conforto, meu refúgio.

Good to be home. Good to be back home. For good. ;)

domingo, 24 de outubro de 2010

Pra não dizer que não falei das flores, política e Bolsa Família

Divido nesse blog as coisas que mais me encantam nessa vida. E política claramente não é uma delas. Porém, há alguns dias de terminar essa corrida presidencial que tomou ares de disputa de classes, regionalismo e intelecto, minha paixão por dossiê viagens foi tomada por um outro tema tão encantador quanto: desenvolvimento social. E impossível falar de desenvolvimento social do país sem falar de Bolsa Família e política social. Após algumas semanas de leituras aprofundadas e discussões calorosas, peço licença pra dividir no meu blog de experiências deliciosas um assunto com gosto amargo. Segue minha humilde opinião em forma de desabafo sobre meu posicionamento favorável ao Bolsa Família e os desafios sociais do próximo governo.
 
Começo esclarecendo que meu parecer favorável ao assistencialismo, assim chamado, às classes D e E no Brasil tem um "quê" de alívio burguês. É algo do  tipo “ok que o Bolsa Família banque um monte de prefeito de cidadezinhas no Nordeste que cadastrou sua família inteira no programa, enquanto o programa não chega no senhorzinho lá no fim da Paraíba... ok que o modelo seja sem critérios honestos e fiscalização devida... ok que o programa é forte ferramenta política e nova máquina de votos... ok que tem muita coisa errada no governo, no sistema, no modelo econômico, tributário, até empresarial do país. Mas ainda bem que meu dinheiro não vai pros cofres públicos muitas vezes mal gerido ou cofres privados de políticos corruptos ...

Infelizmente, não acredito no apelo inicial do programa que é colocar mais crianças na escola. Sou descrente demais com o ensino público atual pra acreditar que uma economia sustentável seja construída a partir de mais crianças matriculadas, sem que haja, de fato, mudanças e investimentos substanciais na Educação do país. E os números apurados comprovam isso: apesar do aumento de matrículas, queda no rendimento. Ainda assim, fico mais tranqüila com crianças nas escolas do que fora delas, nas ruas ou trabalhando no campo.

Mas acredito na redistribuição de renda. E portanto acredito no programa Bolsa Família. Conceitualmente redistribuição de renda é isso, certo?: tira de quem tem mais através de impostos (ainda que feito indevidamente, ainda que grande parte desse recolhimento seja mal administrado ou destinado à corrupção do país, ainda que tenha uma reforma tributária chorando pra ser feita...) e dá pra quem tem menos (através de investimentos a fim de proporcionar condições básicas de Saúde, Educação, Segurança necessárias para a sobrevivência e bem estar dos indivíduos; ou através de injeção de recursos direto – assistencialismo, como é chamado de forma pejorativa). É papel do Estado fazer isso. Uma das várias críticas que escuto ao programa é que o Brasil deixou de crescer em função dos vários bilhões investidos no Bolsa Família. Dos mais radicais, que o PIB cresceu aquém do que deveria graças ao assistencialismo (como se as classe s D e E devessem ser ignoradas enquanto o país cresce em ritmo “nunca antes visto na história desse país”). Dos menos radicais, que se o recurso direto fosse revertido em Educação, Saúde e Desenvolvimento, os benefícios seriam de longo prazo e sustentáveis. Aqui destaco 2 pontos: i) Infelizmente, existe uma classe econômica no Brasil que vive em situações tão precárias, que não adianta a economia acelerar, o país crescer a 2 dígitos ao ano, o consumo aumentar... o dinheiro não chega até essa classe, as condições de trabalho não melhoram, a informalidade não permite que tenham acesso a direitos trabalhistas previstos na constituição, o dinheiro não pinga no fim do mês pra comida na mesa ou cachaça no botequim. ii) Associado ao crescimento econômico, o programa é, sim, mecanismo de redução do abismo social e portanto um passo para o crescimento e desenvolvimento do país.

Não vou entrar na discussão política em si: Se foi o governo FHC que criou o embrionário Bolsa Escola, se o governo Lula deu proporção e repercursão ao transformá-lo no gigante Bolsa Família por questões puramente políticas ou se ainda permanece algum resquício de essência por justiça social, se o Bolsa Família tornou-se ferramenta de fidelização de eleitorado, se o atual governo utiliza manobras para alterar as regras do programa há poucos meses da eleição para não perder alguns milhões de candidatos (fim de dezembro de 2009: nova medida permite que as famílias cadastradas no programa e prestes a serem desclassificadas por desatualização cadastral ou por terem ultrapassado o teto de 140 reais de renda per capita, continuem a gozar do benefício até – pasmem! – 31 de outubro de 2010 – reconhecem a data?), se as demagogias usadas pelos presidenciáveis que continuam na corrida nesse 2º turno são absolutamente lamentáveis... Nesse jogo político, todos têm as mãos sujas e são culpados.

Fato é: ainda que o programa tenha surgido por jogada política ou motivos duvidosos, a semente Bolsa Família foi plantada e seja lá quem for eleito vê-se obrigado a, no mínimo, dar continuidade ao Programa em caráter de manutenção (e portanto continuar atingindo mais de 12 milhões de famílias). Ou pro jogo político ficar mais competitivo, expansão do programa (Se eleito, o Serra fala em dobrar o número de famílias beneficiadas... máquina de votos?).

Ainda que ocorram impactos relevantes nos cofres públicos e no crescimento do país, impossível fechar as portas do programa. E ainda bem! De duas, uma: ou o governo eleito cria mecanismos para tirar essas famílias da dependência do recurso direto, como porta de saída do assistencialismo (cursos profissionalizantes e criação de emprego ligados ao programa. À medida que o profissional se qualifica e se emprega, deixa de ter direito ao programa); ou o governo eleito terá de bancar milhões de família por prazo indeterminado. Fato é: Ainda que o programa precise ser aperfeiçoado, os critérios de seleção e controle refinados a fim de alcançar todos, e somente todos, que de fato precisam do auxílio, ainda que exista o grande desafio de desvincular a renda de milhares de famílias das “tetas do governo”... nenhum governo a partir de agora poderá ignorar a realidade das classes D e E do país.

Em tempo: acredito no desenvolvimento de um Brasil com forças regionalizadas. Nesse contexto, acredito no crescimento do Nordeste para a formação de uma nova potência consumidora, empregadora, produtora e formadora de opinião. Crescimento esse baseado no aumento do poder de compra das classes C, D e E até então reprimidas, nos benefícios fiscais regionalizados, no aumento de oferta de crédito justa (O Banco do Nordeste não só atraiu grandes emprendimentos lá em cima, como também incentivou o desenvolvimento local através de linhas de microcrédito sustentáveis: segundo pesquisas da FGV, 60% dos clientes do programa de financiamento Crediamigo - eleito nada mais nada menos pelo BID, referência em microcrédito sustentável - conseguiram sair da linha de pobreza em razão dos benefícios advindos do microcrédito). Chega de um Nordeste baseado em grande escala de mão de obra barata e informal1, potencial fábrica de votos ou como uma África onde a fome não é erradicada por questões geo-políticas e financeiras.

E como a discussão é, no fim das contas, definido por um voto no próximo  Domingo, alguns posicionamentos finais: Não tomo decisões partidárias. Apesar de me ver seduzida por um governo de oposição e pelo que ele deveria provocar, o papel de oposição do PT de outrora perdeu-se face a tantos escândalos. Não gosto do Serra. Tenho medo da Dilma no poder. Voto a favor de uma economia acelerada, crescente, pautada em pilares econômicos estabelecido pelo governo FHC e focada na potência econômica que o Brasil vem a se tornar no médio e longo prazo - "a menina dos olhos do bloco BRIC".  Mas sou a favor de um governo que abra mão de alguns dígitos a mais do crescimento do PIB em razão de questões sociais sérias do curto prazo. O Bolsa Família fez isso, portanto leva meu voto. Conversamos daqui a 4 anos...

E pra não dizer que não falei das flores... Geraldo Vandré:  "Pelos campos há fome em grandes plantações. Pelas ruas marchando indecisos cordões. Ainda fazem da flor seu mais forte refrão. E acreditam nas flores vencendo o canhão..."





1. Um pouco mais sobre informalidade no trabalho: Me incomoda ouvir da classe empresária (ou de nós, “burgueses”) que o Nordeste deixa de ter a atratividade inicial por ter perdido esse grande ativo do Nordeste, graças ao Bolsa Família e à preguiça generalizada nordestina. Ou nem precisamos ir tão longe: Quer ver o preço da informalidade em São Paulo capital? Aqui, vale destacar que não me orgulho, mas participo da informalidade trabalhista.
 
Minha diarista Ana, ganha 60 reais por faxina e tem todos os dias da semana tomados, logo 1.200 reais líquido. Eu e os demais “patrões”, não pagamos os devidos direitos – 13º, INSS, férias. Assumindo um percentual de encargos trabalhistas estimado em 50%, temos 600 reais que deixamos de desembolsar “graças” a informalidade. Agora de volta ao Bolsa Família. A Ana sustenta 2 filhas menores de idade e devidamente matriculadas na escola. Como não tem salário formal, mesmo com a renda per capita da família maior do que a habilitada a receber o benefício, sua família tem direito ao programa. Não fosse a dificuldade cadastral – um dos vários pontos a melhorar do programa - ela receberia no máximo 200 reais. Quem sou, ou qualquer um que alimenta esse trabalho informal, pra criticar que sai dos nossos bolsos os recursos necessários para sustentar o Bolsa Família?

Daí surgem os questionamentos: "Mas quem disse que eles querem a formalidade?". A resposta correta seria "Pois então não contrate, não alimente essa informalidade, que um dia a mesma deixará de existir". Esses dias num café com meu amigo Rafa, ele me deu essa luz. Disse que quando casasse e tivesse sua casa não contrataria faxineira sem carteira registrada. Que para um apartamento pequeno não necessitaria contratar ninguém, aliás. Ele mesmo limparia seu apartamento, pintaria sua parede, instalaria seu móveis, não mais pagaria pra manobristas na rua olharem seu carro, ele mesmo lavaria seu carro todo fim de semana. Eliminando uma classe trabalhadora de mão de obra braçal, barata e informal, o Rafa propõe um modelo semelhantes aos países desenvolvidos, onde essa classe de trabalhadores não existe ou fica a cargo de aspirantes estrangeiros dispostos a tentarem a vida em Euros. Claro que ele ainda não conseguiu abolir todas as formas de trabalho informal à sua volta. Desde essa conversa fiquei provocada com isso e tentado o mesmo. É complicado abrir mão dessa forma de conforto e economia, mas vale pensar no assunto... 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Praia da Pipa-RN: parte 2 - a Trip

DIA 1: Após uma longa madrugada, as 5 meninas divididas em vôos diferentes, chegamos à Natal. No caminho à Pipa, entre um cochilo e outro, vimos o sol nascer e a temperatura de 32º ferver às 6h da manhã. Cochilo rápido no Zicatela hostel (“era um hostel muito engraçado, não tinha teto, não tinha nada”), um café da manhã simples e delicinha e bora pra Praia do Amor! 


Entre o hostel e a praia, uma escadaria improvisada entre as falésias dá acesso ao paraíso. E que bela vista do alto! E que bela descida! A paisagem encanta e o contraste de cores das falésias alaranjadas e do verde azulado (ou azul esverdeado?) faz a longa escadaria uma descida ao paraíso. E enfim, a Praia do Amor! Tem nome mais sexy e sensual pra uma praia do que praia do Amor?! Eleita pela Veja SP uma das 10 praias brasileiras mais sexy, a Praia do Amor foi presenteada com esse nome delícia graças ao formato curvilíneo que faz com que a areia - branca e fofa - tenha o desenho de um coração. 


Após cervejinha e bronze na praia mais love and sexy do Brasil, seguimos à esquerda sentido Sul de Pipa. Parada na Baía dos Golfinhos pra mais uma cervejinha e finalmente a praia mais linda: Praia do Madeiro. O verde azulado do mar é mais a azul e a encosta fica ainda mais exótica com as falésias cobertas de verde. Não vimos golfinho, mas achamos o “Gato da praia” e biquínis lindos a 20 reais o conjunto.


Mais uma escadaria, mas agora a subida já não é tão bela com o cansaço (até é, mas o foco deixa de ser a paisagem e passa a ser respiração, glúteos, pernas e abdômen).
Soninho pra compensar a noite anterior não dormida, e após várias tentativas frustradas do despertador, bora pro fervo às 2h da manhã. Fervo? Que fervo?! O único agito da cidade era a “boate” Kalango, repleta de mano yo, rolando um eletrônico bad. Vibe errada... tsc tsc tsc. Cadê os surfistas, gringos, loucos, hippies? Segundo o taxista, “é a crise na Europa”... O máximo de gringos que vimos foram algumas argentinas com backside e topless na praia. 

Bora dormir e aproveitar o dia seguinte. E eis que a Teilão fica sem cama porque o Nilo, doggy muito fofo e crazy do hostel, elege a cama dela como seu posto e avança em qualquer um que tenta tirá-lo de lá. E ele é só um salsichinha mineiro um pouquinho alterado (ele lambe as patinhas de nervoso... e toma Gardenal). 



Highlight do dia: Lembram da nossas previsões sobre o sexto elemento surfista solitário no nosso quarto do hostel? Se concretizou! No nosso quarto sem teto e sem janela, tinha um surfista / fotógrafo / viajante costa-riquenho solitário dormindo. Recado do Neto (marido da Violeta, casal fofo donos do hostel): “Avisa o gringo quando ele acordar que não, ele não acordou no paraíso com 5 mulheres à volta”. A gente bem que tentou avisar, mas no começo ele não entendia uma palavra do que a gente tagarelava. Demorou pra apeláramos pro inglês... salve salve língua universal! E “obrigada jejuiiiiz” por ter nos dado o prazer de ouvir a Júlia arrastar um inglês no mínimo charmoso: “Because sometimes I perhaps...”.

DIA 2: Dessa vez, lado direito de Pipa, rumo ao norte, caminhada sem fim, sol trincando. Visual lindo (não tão lindo quanto o sul) de um litoral mais recortado por pedras escuras e um “visual mais galáctico” (muito bem definido pela japa Nic. Efeito sol desencadeia essas análises profundas sobre um simples litoral com pedras pretas. Eu contento-me em dizer que o visual lembrou Jericoacoara-CE). 



O ponto alto do dia foi o pôr do sol no Tibau.


Detalhe para o dia no calendário: 10/10/10. Para os místicos, abertura do portal da abundância. Para nós, desculpa pra brindar mais uma cerveja quente, típica do Nordeste. Acreditando ou não na filosofia mística, aquele pôr do sol de tirar o fôlego (mais um na minha vida... Obrigada!) pediu um ritual de passagem. E praticamos o Sudarshan Kriya® (técnica de respiração) enquanto o sol caía no horizonte. “Inspira, 2,3,4. Inspira, 2,3,4, Inspira...”.  


Jantar rápido no Mexicano. Na noite pipense, desistimos de mais um fervo vibe errada, e dessa vez ignoramos o despertador e dormimos até às 8h da manhã do dia seguinte. 

DIA 3: Rumo à nossa praia predileta: Praia do Madeiro. O sol tava trincando tanto, que pediu novamente uma parada na Baía dos Golfinhos. Dessa vez vimos golfinhos (a Júlia e a Nic perderam porque ficaram pra trás pra tomar uma cerveja gelada – provavelmente a única cerveja devidamente trincando, porque elas juram de pé juntos que valeu perder os golfinhos em troca da cerveja). 


Desistimos da Praia do Madeiro temporariamente, e passamos a tarde na Baía dos Golfinhos. Não sei se foi o excesso de cerveja, sol na cabeça ou respiração do dia anterior... mas eis que surge um Sawyer uruguaio direto da Ilha de Lost disfarçado de vendedor de sanduíche de praia. Agora não sei se foi o efeito beleza, charme ou sedução, mas long story short, cada uma comeu 2 sandubas naturais. Seguidos. A Luli bem que pediu um sushi... Ou chamou o moço de sushi... Enfim... Resumindo o cara sentou na canga de umas velhas argentinas e deixou as 5 chupando o dedo.


A essa altura, já éramos 6 viajantes. 5 sexy ladies + o gringo de porto riquenho. A dificuldade era lembrar o nome do gringo, então permitimo-nos chamá-lo de Santiago / Salvador / Sebastian. E ele atendia pelos pseudônimos. Não, nenhuma sexy lady se engraçou com o gringo. A gente bem que tentou agitar a Júlia, mas no game... Depois de uma conversa bizarra em que a Júlia perguntava num inglês divertidíssimo se ele tinha namorada e ele respondeu “no, but I want ladies... Im horny all the time”, acho que a gata assustou. Pras minhas queridas velhas amigas que acompanharam minha queda gringa no passado, guess what?! Passou a febre gringos, girls. Um cara tem que ter bem mais do que um sotaque sexy hoje em dia pra me ganhar! (O Sawyer do Uruguai tinha bem mais do que um sotaque sexy...).  


Finalmente uma noite digna de Pipa. Esqueçam balada forte, o jeito foi um jantarzinho suave (suave pra Luli que comeu o pior risotto de frutos do mar da vida e não tão suave assim pra Júlia, que comeu uns 7 pedaços de pizza + lasanha + batata frita num rodízio minimamente estranho...) ao som de um MPB perfeito (finalmente, uma música de qualidade. Alguém avisa que em paraísos como esse músicas como “ela tá de saia, de bicicletinha, uma mão vai no guidão outra vai lá na calcinha” deveria ser proibida?), seguido de um sambinha delicioso pra fazer o gringo Santiago / Salvador / Sebastian feliz. E um nordestino mexendo as cadeiras que nos deixou tímidas (não no bom sentido... esquema 3º colegial em Porto Seguro, sabe?). Last night, girls!


DIA 4: Apesar da minha resistência a qualquer passeio que se assemelhe a turismo comercial, a trip à bordo de um pau de arara (um Defender, na verdade) foi sensacional e fechou a viagem com chave de ouro. O motorista/guia, Eduardo, tem a clássica história: carioca, largou tudo pra morar um tempo na Europa. Na volta, parada rápida na Praia da Pipa é o suficiente pra ele perceber que a cidade grande, caos e violência doesn’t fit anymore. Bora pra Pipa, surfar, praticar sandboard, levar umas gatas à bordo do Defender e fumar um curtindo um pôr do sol incrível... Um guia desse não tem como deixar um passeio comercial, certo?

Destaques do passeio:


- Admirar o visual do alto do Chapadão, sessão fotos turista, e o fotógrafo e produtor mais fofo em miniatura do mundo: Cláudio.




- Cruzar a Barra do Cunhaú de barco a vela com o Seu “Séverino”, encantado com a sereia Luli (a gata tem um poder de atração forte sobre vendedores de biquíni, taxistas e pescadores... e não, não numa versão Sawyer uruguaio), recitando trovas e contando as melhores histórias de pescador com um sotaque nordestino delicioso (dentre outras, a história do peixe-boi Chuchu, que morava naquele encontro de rio e mar, se machucou com a hélice de uma lancha e foi transferido para uma reserva no estado da Paraíba). 

 


- Curtir a imensidão deserta da Praia do outro lado (lado de lá da Praia Barra de Cunhaú), lotada de kitesurfistas praticando manobras do lado rio (mais calmo) e do lado mar (mais agressive). 



- Após uma longa caminhada ao topo da duna numa areia macia (not good pra uma subida daquelas pós cervejinhas nordestinas quentes), mais um pôr do sol pra ficar na memória e no coração. Digno de cada passo. Obrigada Jejuizzzzzzzzzz! 



THE END

Obs: Decidimos não registrar fotograficamente a cena, mas fica na memória nossa experiência de novas atletas do sandboard das areias do Nordeste. Aguardem-nos.

Praia da Pipa-RN: parte 1 - Pré Trip

Cronologia é uma palavra fora do meu dicionário, portanto peço licença pra pular a trip Europa mais uma vez e ir direto pra Praia da Pipa-RN. 

Antes de chegar em Pipa, leve retrospectiva de como caí nas águas azul anil nesse último feriado.

Há 2 meses atrás, descobri uma parceira linda, especial, evoluída. Trabalhamos na mesma empresa há 3 anos e nunca havíamos trocamos uma palavra. Numa conversa qualquer de elevador nos conectamos. E não nos desconectamos mais. Coincidências, valores e conversas de tirar o fôlego (tirar o fôlego, perder a classe, o salto, as lágrimas... :), deu à japa posto especial na minha vida. Minha versão equilíbrio e charme oriental.

E quando parecia que meu tempo, energia e dedicação aos meus velhos amigos especiais era suficiente pra uma vida acelerada e completa... Essa mesma parça traz consigo um mundo de pessoas queridas que já fazem parte da minha vida. Além de uma gaúcha linda que nos trocou pelas pampas, um campineira fofíssima que veio de brinde com a gaúcha, uma versão minha mais alta, louca e intensa com forte apelo pra Liz Gilbert feelings (Comer Rezar Amar), e 3 meninos queridos que vão bem além de sexy dancers em nossas vidas... Ganhei mais 3 parceiras de viagem, pôr do sol, papo cabeça e pérolas dignas de publicar um livro. 

Voltando à ordem dos fatos (viu como sou péssima de cronologia?!). Num desses altos papos com a parça oriental sobre vida, destino, o que fazer da vida... ela me lança um “Então... vamos pra Pipa?”, eu “sim!”. Dez minutos depois estava de passagem de ida comprada (eu sempre compro a passagem de ida e ignoro a volta até o último segundo... fuga?).  Detalhe: Passagem de ida pra Pipa e confirmação de compra do festival SWU. Já fui menos impulsiva e mais organizada nos meus planejamentos....

SWU vendido e pé na estrada pra Praia da Pipa. Depois de muito planejamento, milhares de emails, tentativas de cervejinha pré Pipa e especulações sobre um possível surfista solitário como sexto elemento do nosso quarto do hostel... bora pro paraíso! 

Theilão, Luli, eu, Nic, Jú, praia do outro lado - Pipa - RN

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A arte do inesperado

Visualize a cena: após uma semana de frio violento de SC, hotel ruim, aquecedor quebrado, de pé às 7h da madruga pra um projeto da empresa não tão divertido assim... só queria que o fim de semana chegasse logo pra ir pro quentinho do ap da Gabi (algo entre irmã, amiga, família), tomar uma cervejinha, curtir o pôr do sol da Brava, uma balada digna de SC fora da temporada. Chegou sexta feira a noite. E guess what? Não consegui falar com a Gabi. 

Juntou minha desorganização com meios de comunicação ao desapego pela vida da Gabi... Desde que ela entrou na fase neo-hippie-vegan ela ignora que tem celular. Eu na outra ponta, tenho 2 celulares que insistem e ficar em qualquer outro lugar que não na minha bolsa - consegui perder os 2 numa única noite, num Pandoro muito louco - ou com bateria descarregada; ou com contatos desatualizados. Pra complicar, tinha algum evento "x" rolando na cidade e não tinha uma vaga nos hotéis do centro pra eu dormir. Noite fria e nada tranquila.

Long story short, só consegui falar com a Gabi (com o namorado da Gabi, aliás) às 2 da madrugada gelada de SC. Graças a contatos, lanhouse e coincidências da vida cheguei na Gabi! Uma amiga de Guará mora com uma amiga da Júlia - minha afilhadinha linda, resposável, irmã da Gabi e nada a ver com a Gabi. Ou comigo. Essa amiga conseguiu o tel da casa da tia Sílvia (mãe da Gabi e da Jú) em Sorocaba, que me conseguiu o tel do namo e Gabi. Ufa! 

E sabe o que fiz enquanto a situação não se definia? Pra passarem as horas, o frio, o mau humor achei um restaurante, uma experiência, uma família, um lar libanês! Um pedacinho do Líbano em pleno Balneário de Camburiú.


A casa da família libanesa que se mudou pro Brasil há 4 anos, teve sala e cozinha adaptadas pra um restaurante simples e intimista, mas ainda fiel à decoração de um típico lar libanês, imagino eu.

A cozinha do dia a dia da família deu origem ao divertido cardápio do restaurante, com licença poética para erros charmosos resultado da diferença de sonoridade das 2 línguas. Na língua árabe não existem fonemas que correspondam às letras P, V e G. Entendem a confusão deliciosa desse cardápio? Pão vira bão, doçe com c cedilha fica ainda mais gostoso e foi o melhor cabelo de "ange" que já comi. 


O antigo döner kebab (famoso "carrinho de churrasco grego") não mais utilizado para o preparo de kebab vira aquecedor de ambiente.


O patriarca da família, "Seu Fares" é um episódio à parte. Enérgico, dança sem parar ao som de uma banda pop-árabe passando na tv, conversa com todos seus clientes e subiu em cima da cadeira quando eu comecei a tirar fotos. Quando ele descobriu que eu tenho um pezinho no Líbano, quis saber família, região, religião de origem (pai, você precisa me dar uma aula urgente!). Pelo visto enho um sobrenome forte no Líbano: quando falei que sou da família Matuche (atual Mathias), ele me deu um abraço e disse que conhecia meu primo de Beirut (!). Um senhorzinho muito fofo e energia contagiante.


Sentiram o sangue libanês? Próxima vez em SC, parada obrigatória no Restaurante Fares.

 

domingo, 17 de outubro de 2010

A Arte de cozinhar



O post era pra chamar "A arte de fazer negócio - parte II", em continuação ao post anterior. Graças à minha manhã de domingo começar com o melodrama em tons de vermelho de uma Madrid a la Almodovar ("Abrajos Rotos"), tive que salvar minha manhã chuvosa com a doçura do gastro-filme Julie e Julia, com cores, sabores e essências francesas. Apesar das semelhanças das experiências (aguardem próximo post), deixou de fazer sentido falar da arte de negócio, corporativo demais pro que essa manhã me despertou. 

Baseado em duas histórias reais, Julie & Julia intercala a vida de duas mulheres que apesar de separadas pelo tempo e pelo espaço, estão ambas perdidas... até descobrirem que com a combinação certa de paixão, coragem e disciplina, its all possible. A vidinha medíocre de Julie (versão contemporânea da dupla) ganha sentido com um novo desafio: cozinhar, em um ano, as 524 receitas da renomada cozinheira Julia Child, do livro Mastering the Art of French Cooking (1961), e narrar suas experiências em um blog.

Pra eterna sonhadora/planejadora e péssima executora (eu mesma!), A Julie foi o empurrão que eu precisava pra voltar ao blog, aos planos, ao meu novo conceito de "dùvida aplicada" (dúvida é saudável, mas de nada adianta se você não utiliza a dúvida como ferramenta de novas escolhas ou pra eliminar velhas escolhas. Isso que uma amiga sábia e louca me disse... e aderi!).

Bom... enough de terapia jornalística. De volta às experiências de viagem, que claro, envolve experiência gastronômica. Não tanto "art of cooking", tá mais pra art of living, traveling, loving... eating! Hmmm. Próximo post.

"So the end may be a long time coming, but that doesn't mean it doesn't have a way of sneaking up on you." 
Julie Powell (Julie and Julia: 365 days, 524 recipes, 1 tiny apartment kitchen)