quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nova Zelândia: sobre experiências

Nova Zelândia sabe vender bem (e bem caro) cada uma das milhares de experiências que o país oferece. O turismo é arrojado e very much cool, mas no fim do dia ainda é uma experiência "comprada", acessível a qualquer um com um pouco de coragem e um monte de dinheiro. Na sobra de coragem e falta de dinheiro, as experiências se multiplicaram. Mal sabia que minha expêriencia low budget (quase no budget) me renderia o máximo das experiências neozelandesas...

Experiência #1 - Couchsurfing: Comunidade de hospedagem de graça mundo afora, os hosts abrem suas casas, os couchsurfers navegam pelo site em busca de um sofá disponível no local de destino (saiba mais sobre CS, aqui).  Além da cama quentinha de graça na casa do tal americano apaixonado por montanhas, a experiência me rendeu vista de camarote para as Remarkables, getting local with locals com um churrasco e fogueira no trailer do tal casal que mudou pras montanhas, desconto nos esportes radicais superfaturados e achados outdoor que só um residente poderia me proporcionar. 

Experiência #2 - Hitchhiking: Mochila nas costas e dedão na estrada rumo a Milford Sound. 300 Km sinuosos, 4 carros diferentes, chuva e um dos meus dias mais marcantes na Nova Zelândia. Antes que minha mãe me puxe pelos cabelos de volta ao Brasil, esclareço: carona é prática entre os viajantes na Nova Zelândia e uma das maneiras mais interessantes de se viajar pelas belíssimas estradas do país. Os motoristas que param em nada se asemelham ao esteriótipo caminhoneiros "fiu fiu, goxtosa". Um neozelandês viajando a trabalho, um casal de italianos em torno dos 30, um casal de ingleses em torno dos 60(!) e um casal de americanos morando numa kombi que em 40 minutos de conversa fizeram valer minha viagem.

Experiência #3 - Living with kayakers: De novo couchsurfing, mas dessa vez o processo contrário: host procura couchsurfer. Foi assim que os kayakers de um fim do mundo chamado Milford Sound me encontraram.  E o que era pra ser 2 dias, virou uma semana na casa dos kayakers. Não é exatamente uma casa... Cada um tem seu lodge (eu tinha o meu: quarto com cama de casal delícia, aquecedor, armário) e dividem entre si áreas em comum (cozinha/sala, banheiro, lavanderia), comida e cerveja. Entendem por que não conseguia sair de lá?

Além das maravilhas dos fiordes que merecem um post inteirinho, meus dias em Milford me renderam longas noites de cerveja, cachoeiras escondidas de madrugada, pessoas incríveis, e free ride de kayak e cruzeiro pelos mares da Tasmania*.

*Os passeios de graça me pouparam 250 NZD, algo em torno de 330 reais. Sem falar na hospedagem. Dica aos couchsurfers educados: cerveja, presente universalmente bem aceito. 


Experiência #4 - Kayaking: Kayaking no mar da Tasmania. Entre fiordes, aquele azul escuro de doer formando espelhos d'água, névoas e cachoeiras, o passeio tá no topo do ranking de 101 must do's in NZ. Pudera. As 4 horas remando compensam aquele corredor de montanhas pontudas, o ruído da natureza, a água gelada da cachoeira no rosto. E focas! Focas e mais focas a poucos metros de distância. 

Experiência #5 - Cruising: No segundo ponto do mundo onde mais se chove, torça pra chover. Muito. O mar fica virado, formam-se pequenos tufões, e pipocam cachoeiras do alto das montanhas. Nessas horas os kayaks saem de cena e é hora de ver a imponência da natureza do alto da segurança de um cruzeiro. E embaixo d'água, assistindo esse espetáculo da natureza, fecho minha curta temporada em Milford Sound.

Experiência #5 - Tramping: Sabe o melhor jeito de conhecer Nova Zelândia? Andando, hiking, tramping segundo os kiwis. O país tem montanhas lindíssimas e estrutura para caminhadas de todos os portes e a cada metro que se sobe o visual fica mais lindo. E de g-r-a-ç-a! Fiz 8 caminhadas pelos arredores de Queenstown e Milford com duração entre 1 - 6 horas, todas sozinha. A sensação quando se chega no topo, aquele vento forte, aquele visual, aquela sensação de poder e liberdade... Ahhhh... ;) 

Experiência #6 - Skydiving: De volta à Queenstown pros meus últimos dias de NZ (dessa vez, sem couchsurfing. Fiquei na casa de um amigo de um amigo kiwi que mora em Londres). Dentre as dezenas de opções na capital dos esportes radicais, escolhi skydiving.

E não poderia ter escolhido melhor. Do alto de Queenstown, às 7h da manhã vendo o sol nascer sobre as montanhas cobertas de gelo. Entre uma overdose de adrenalina, frio nos ossos e uma das cenas mais lindas que já vi, fecho meu primeiro país da volta ao mundo. 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Nova Zelândia: sobre paixões

E enfim, a viagem começou! Após anos de sonho e meses de projeto, a viagem sai do papel e ganha vida. E que vida! Tinha esquecido o poder que liberdade, solitude e o novo exercem sobre mente, alma e coração de uma sagitariana. Hello, mundo! Obrigada por existir!

Sem planos, sem expectativas, sem contatos, Nova Zelândia foi dessas surpresas felizes. Dia após dia, fui descobrindo os encantos das terras dos fiordes, glaciares e géiseres, dos esportes radicais, do Senhor dos Anéis, do vinho Pinot Noir e das paixões mil.

Isso, um país de paixões. Perdi a conta de quantas vezes ouvi dos neozelandeses que esse é o melhor país do mundo pra se viver. Ou ainda de brasileiros, canadenses, americanos, europeus, asiáticos que não conseguiram voltar para seus respectivos países, tamanho o encanto pelo país. Ninguém vem pra NZ pra fazer dinheiro. Paga-se pouco e gasta-se muito comparado a outras nações de primeiro mundo. E quem lá está preocupado com isso? Nova Zelândia se resume a estilo de vida e ponto.

Um americano apaixonado por montanhas e base jumping, trocou a vista das Rocky Mountains (EUA) pelas Remarkables em Queenstown. Um casal de neozelandeses cansaram da vida de cidade grande de Queenstown (13 mil habitantes), fizeram suas malas e foram morar num trailer, nas montanhas. Um brasileiro troca a carreira de dentista pela fotografia nas alturas do skydiving. 2 americanos apaixonados pela estrada,  se conheceram "on the road" e hoje rodam, dormem, moram numa kombi. Um kayaker apaixonado pelos fiordes de Milford Sound e que já subiu o Mitre Peak de pés descalços. E finalmente um kayker/snowboarder e surfer nas horas vagas tão cheio de paixão que não tive opção senão, bem... me apaixonar.

E assim, o novíssimo país com população em baixa e imigração em alta vai se formando: com eternos apaixonados por um estilo de vida cheio de experienciências mil. Tem coisa mais linda? E claro que eu me apaixonei. Mil vezes.

Com isso, verdade número 1 da viagem: [Pausa. Vamos não chamar minha viagem de busca, ok? Viajo pelo simples e completo prazer que viagem e suas consequências me causam. Mas viajar pro lado de lá do mundo me dá uma beeela perspectiva e algumas verdades escancaram aos olhos. Isso posto, de volta à verdade...]. Eu procuro paixões, gente! Por um hobby, trabalho, viagem, amor, esporte, vício, adrenalina.

E com uma perfeita mistura de todas as paixões ante citadas, Nova Zelândia me resgata a adrenalina das paixões e me lembra "what am I here for". E nessa hora, minha grande paixão chamada viagem me completa e faz sentido.

E como não se apaixonar?

Mitre Peak, Milford Sound

Próximo post: sobre experiências.