segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A arte do inesperado

Visualize a cena: após uma semana de frio violento de SC, hotel ruim, aquecedor quebrado, de pé às 7h da madruga pra um projeto da empresa não tão divertido assim... só queria que o fim de semana chegasse logo pra ir pro quentinho do ap da Gabi (algo entre irmã, amiga, família), tomar uma cervejinha, curtir o pôr do sol da Brava, uma balada digna de SC fora da temporada. Chegou sexta feira a noite. E guess what? Não consegui falar com a Gabi. 

Juntou minha desorganização com meios de comunicação ao desapego pela vida da Gabi... Desde que ela entrou na fase neo-hippie-vegan ela ignora que tem celular. Eu na outra ponta, tenho 2 celulares que insistem e ficar em qualquer outro lugar que não na minha bolsa - consegui perder os 2 numa única noite, num Pandoro muito louco - ou com bateria descarregada; ou com contatos desatualizados. Pra complicar, tinha algum evento "x" rolando na cidade e não tinha uma vaga nos hotéis do centro pra eu dormir. Noite fria e nada tranquila.

Long story short, só consegui falar com a Gabi (com o namorado da Gabi, aliás) às 2 da madrugada gelada de SC. Graças a contatos, lanhouse e coincidências da vida cheguei na Gabi! Uma amiga de Guará mora com uma amiga da Júlia - minha afilhadinha linda, resposável, irmã da Gabi e nada a ver com a Gabi. Ou comigo. Essa amiga conseguiu o tel da casa da tia Sílvia (mãe da Gabi e da Jú) em Sorocaba, que me conseguiu o tel do namo e Gabi. Ufa! 

E sabe o que fiz enquanto a situação não se definia? Pra passarem as horas, o frio, o mau humor achei um restaurante, uma experiência, uma família, um lar libanês! Um pedacinho do Líbano em pleno Balneário de Camburiú.


A casa da família libanesa que se mudou pro Brasil há 4 anos, teve sala e cozinha adaptadas pra um restaurante simples e intimista, mas ainda fiel à decoração de um típico lar libanês, imagino eu.

A cozinha do dia a dia da família deu origem ao divertido cardápio do restaurante, com licença poética para erros charmosos resultado da diferença de sonoridade das 2 línguas. Na língua árabe não existem fonemas que correspondam às letras P, V e G. Entendem a confusão deliciosa desse cardápio? Pão vira bão, doçe com c cedilha fica ainda mais gostoso e foi o melhor cabelo de "ange" que já comi. 


O antigo döner kebab (famoso "carrinho de churrasco grego") não mais utilizado para o preparo de kebab vira aquecedor de ambiente.


O patriarca da família, "Seu Fares" é um episódio à parte. Enérgico, dança sem parar ao som de uma banda pop-árabe passando na tv, conversa com todos seus clientes e subiu em cima da cadeira quando eu comecei a tirar fotos. Quando ele descobriu que eu tenho um pezinho no Líbano, quis saber família, região, religião de origem (pai, você precisa me dar uma aula urgente!). Pelo visto enho um sobrenome forte no Líbano: quando falei que sou da família Matuche (atual Mathias), ele me deu um abraço e disse que conhecia meu primo de Beirut (!). Um senhorzinho muito fofo e energia contagiante.


Sentiram o sangue libanês? Próxima vez em SC, parada obrigatória no Restaurante Fares.

 

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