35 anos se passaram e a marca de um dos genocidios mais crueis da Historia continua estampada nas ruas de Camboja: Criancas e adultos com membros amputados, cadeiras de rodas e muletas em excesso, o risco eminente de minas ativas nos campos de arroz e sitios arqueologicos, pobreza generalizada, demasiado pedido de esmola, historias tristes por tras de um sorriso timido e sofrido.
Abril de 1975. Sob lideranca do ditador Pol Pot, o partido de esquerda Khmer Rouge toma o poder. Com pretextos marxista/maoista para os mais hediondos atos, o novo governo institui o comunismo, a destruicao em massa, o exterminio de uma nacao. A populacao da capital Phenon Phen foi arrastada ao campo, na tentativa "bem-sucedida" de uma sociedade (escrava) agraria voltada a plantacao de arroz. Fim do papel-moeda, do mercado livre, das praticas religiosas, das influencias estrangeiras. Escolas, hospitais, bancos, monumentos budistas destruidos. Minas instaladas ao longo do territorio cambojano. E finalmente, exterminio das classes opositoras. Leia-se minoritarias, primordialmente classe intelectual (como impor ideiais aos que detem conhecimento?). Entre professores, diplomatas, monges, ministros, artistas, estrangeiros ou simples moradores da cidade grande, a matanca chegou a marca de 3 milhoes, algo em torno de 30% da populacao cambojana. Em termos relativos, nenhum outro ditador sanguinario conseguiu tal feito. Nem Hitler, nem Stalin, Pol Pot foi "o cara".
O mergulho ao passado sangrento de Camboja comeca pelo Museu do Genocidio Tuol Sleng. O que era inicialmente uma escola, virou sede de interrogatorio, prisao e exterminio dos "opositores". A entrada ao complexo - na epoca chamado Security Office 21 (S-21) - ainda exibe a cartilha de seguranca em vigor no periodo sangrento. Frases como "While getting lashes of electrification you must not cry at all" nos lembram a razao de estarmos ali. É so o comeco. A cada sala de aula que se entra, fotografias de homens, mulheres, idosos, criancas, bebes que por ali passaram. Celas e solitarias adaptadas. Tela de arame enfarpado nos andares superiores para evitar o desesperado suicidio. Instrumentos de tortura, descricao dos metodos de tortura, fotos de tortura. E quem precisa de estimulos visuais quando cenas de um passado recente e brutal insistem em pipocar na mente e lhe embrulhar o estomago? O ar fica denso e a tristeza é palpavel.
A 15 Km dali, um novo cenario de horror: o campo de concentracao Choeung Ek, para onde eram encaminhados os prisioneiros da S-21 rumo a morte. De joelhos, maos amarradas, olhos tapados, recebiam um golpe quase fatal na nuca, muitas vezes seguido de decaptacao com um facao. Os oficiais sequer aguardavam o padecer final e jogavam centenas de corpos, um sobre o outro, em grandes valas cavadas no chao. As escavacoes, analises dos ossos e reconstituicao dos fatos tece um cenario ainda mais chocante: Marcas de espada e objetos pontiagudos nos cranios. Corpos de mulheres decaptadas segurando seus bebes. Sepulturas coberta de corpos de criancas. Bebes assassinados por arremesso nas arvores.
Abril de 1975. Sob lideranca do ditador Pol Pot, o partido de esquerda Khmer Rouge toma o poder. Com pretextos marxista/maoista para os mais hediondos atos, o novo governo institui o comunismo, a destruicao em massa, o exterminio de uma nacao. A populacao da capital Phenon Phen foi arrastada ao campo, na tentativa "bem-sucedida" de uma sociedade (escrava) agraria voltada a plantacao de arroz. Fim do papel-moeda, do mercado livre, das praticas religiosas, das influencias estrangeiras. Escolas, hospitais, bancos, monumentos budistas destruidos. Minas instaladas ao longo do territorio cambojano. E finalmente, exterminio das classes opositoras. Leia-se minoritarias, primordialmente classe intelectual (como impor ideiais aos que detem conhecimento?). Entre professores, diplomatas, monges, ministros, artistas, estrangeiros ou simples moradores da cidade grande, a matanca chegou a marca de 3 milhoes, algo em torno de 30% da populacao cambojana. Em termos relativos, nenhum outro ditador sanguinario conseguiu tal feito. Nem Hitler, nem Stalin, Pol Pot foi "o cara".
O mergulho ao passado sangrento de Camboja comeca pelo Museu do Genocidio Tuol Sleng. O que era inicialmente uma escola, virou sede de interrogatorio, prisao e exterminio dos "opositores". A entrada ao complexo - na epoca chamado Security Office 21 (S-21) - ainda exibe a cartilha de seguranca em vigor no periodo sangrento. Frases como "While getting lashes of electrification you must not cry at all" nos lembram a razao de estarmos ali. É so o comeco. A cada sala de aula que se entra, fotografias de homens, mulheres, idosos, criancas, bebes que por ali passaram. Celas e solitarias adaptadas. Tela de arame enfarpado nos andares superiores para evitar o desesperado suicidio. Instrumentos de tortura, descricao dos metodos de tortura, fotos de tortura. E quem precisa de estimulos visuais quando cenas de um passado recente e brutal insistem em pipocar na mente e lhe embrulhar o estomago? O ar fica denso e a tristeza é palpavel.
A 15 Km dali, um novo cenario de horror: o campo de concentracao Choeung Ek, para onde eram encaminhados os prisioneiros da S-21 rumo a morte. De joelhos, maos amarradas, olhos tapados, recebiam um golpe quase fatal na nuca, muitas vezes seguido de decaptacao com um facao. Os oficiais sequer aguardavam o padecer final e jogavam centenas de corpos, um sobre o outro, em grandes valas cavadas no chao. As escavacoes, analises dos ossos e reconstituicao dos fatos tece um cenario ainda mais chocante: Marcas de espada e objetos pontiagudos nos cranios. Corpos de mulheres decaptadas segurando seus bebes. Sepulturas coberta de corpos de criancas. Bebes assassinados por arremesso nas arvores.
Nem a belissima paisagem verde cambojana apaga a lembranca de quanto sangue foi derramado sobre (e sob) aquele solo. Mais do que uma homenagem ao que sofreram e padeceram sob o poder Khmer Rouge, a pilha de ossos na torre tem o importante papel de conscientizar o povo cambojano do ocorrido. Criancas, jovens e residentes do campo sao alvo de um projeto cujo o objetivo é evitar que novos golpes tragam de volta o sabor amargo de um passado recente.
Ainda as margens dessa historia sangrenta e seus resquicios (familias desfeitas, pobreza generalizada, centenas de mortes ao ano por minas ativas), o povo cambojano segue com otimismo, sorriso no rosto, estado de espirito intacto. Uma licao de vida. Fecho meu dia com uma feliz ironia: Sob as mesmas arvores contra as quais eram lancados bebes, hoje brincam 3 criancas com um sorriso no rosto capaz de apagar qualquer tristeza do meu dia. Impossivel nao se emocionar.
Lili, quanta cultura ... show sua viagem !!!
ResponderExcluirIsso vai ficar pra sempre no seu sangue, parte de sua vida ... Te amo, bj
Fá
Lili, post de emocionar !
ResponderExcluirLindas palavras para retratar uma historia tao triste !
Beijos
Lili...to emocionada...vc ainda vai escrever um livro sobre suas viagens...bjss
ResponderExcluirLili,é a isabela. Minha mãe leu e falou como era chocante. Decidir ler hoje, e confesso que to muito emocionada! Voce soube escrever de um jeito bonito essa história horrível. Eu to realmente emocionada.
ResponderExcluirbeijos,e bom restinho de viagem!!!